24/4/2013

Quem assistiu o filme infantil ˜Procurando Nemo™ deve se lembrar da peixinha Dori, que sofria de perda de memória recente. De nada conseguia se lembrar e vivia dizendo coisas sem sentido.

Lendo o editorial Protesto democrático ou baderna juvenil?, do jornal O Popular, da cidade de Mogi Mirim, no dia 20 de abril, Dori nos vem à  lembrança.

Ao mesmo tempo em que classifica a passeata que os estudantes, professores e técnico-administrativos da ETEC Pedro Ferreira Alves fizeram pelas ruas centrais de Mogi Mirim como um direito inalienável de expressão, o editorial despeja críticas generalizadas ao movimento, a começar pelo título do texto.

Seus autores demonstram um profundo desconhecimento da real situação da educação pública paulista, das condições de trabalhos dos profissionais que atuam nas escolas, dos baixíssimos salários que recebem.

Será que sabem que o governo Alckmin e a gestão do Centro Paula Souza insistem em expandir sem investir na estrutura e nos profissionais? E que, por isso, várias unidades não têm professores para todas as disciplinas, faltam profissionais para as bibliotecas, inspetores de alunos etc?

Será que sabem que os trabalhadores administrativos ganham um pouco mais de um salário mínimo? Que os professores ingressam com R$ 13,70 hora/aula nas ETECs e R$ 24,66 hora/aula nas FATECs, e que enfrentam salas lotadas com 40 ou mais alunos? Será que sabem que o vale-refeição pago aos professores e funcionários das ETECs e FATECs é de R$ 8,00 por dia?

Certamente, não sabem disso e de tantas outras mazelas que se abatem sobre a educação pública paulista. Talvez até saibam, mas sofram de perda de memória recente. E, por conta dessa ignorância da vida real, que se desenrola por fora das entrelinhas dos editoriais que escrevem, não têm outra alternativa, a não ser escorregar pela crítica fácil e reacionária.

Jornalismo sério não tem nada a ver com isso.

Manifeste-se

http://www.opopularmm.com.br/protesto-democratico-ou-baderna-juvenil/

Leia. Manifeste-se!